George fugindo


O corredor entre os dois prédios era escuro, mas ele não tinha alternativas, precisava continuar fugindo. Não via muito além de dois metros à frente, e ouvia os passos apressados atrás de si. Os gritos ainda ecoavam em seus ouvidos; só de lembrar ele era dominado pelo pavor e embora não parasse de correr, procurava desesperadamente um local para se esconder.

"Não adianta fugir, George. Nós vamos te pegar de qualquer maneira", dizia a voz rouca e gutural. Ele sabia que era verdade, estava cansado e logo não aguentaria mais correr. Então, se não estivesse bem escondido ou seguro em algum lugar - estados que ele desconhecia desde que saíra de casa, há dois dias atrás, - ele seria pego.

Alguns instantes depois, sem parar de correr e examinar freneticamente cada canto pelo qual passava, o corredor por onde ele seguia acabou. Não era um corredor, era um beco. Sem saída. George apalpou a parede à sua frente, procurando alguma reentrância para se apoiar, escalar, subir, escapar; mas não havia nada. Então ele sentiu aquela presença que parecia vir de todos os lados, com seu cheiro adocicado e enjoativo. Era como se o tempo tivesse parado. Não ouvia nada, o ar estava pesado para respirar, sentia a aspereza da parede de tijolos atrás de si, e aguardava, olhando para a imensa escuridão à sua frente.

"Teria sido mais fácil se entregar antes, rapazinho!", ele ouviu então. "Não há como fugir de nós! É engraçado como muitos pensam que conseguem, e o final é sempre igual!"

George caiu de joelhos e fechou os olhos, pedindo ajuda a todos os deuses, torcendo para que fosse salvo de uma maneira ou outra. De repente, aquela sensação de alívio e paz e conforto, preenchendo-o por completo. Ele agradeceu, mas estava enganado. Não fora salvo.

Ele estava perdido.